O design ao nível dos olhos promove o desenvolvimento das crianças
Feche os olhos e imagine uma sala de aula. Não preciso de muito para adivinhar a imagem que veio à sua mente: o professor na frente e os alunos enfileirados atrás, virados para ele. Esse modelo, que ainda é o mais tradicionalmente usado pelas escolas, é um resquício da Revolução Industrial (XVIII – XIX), que replicava nas instituições de ensino o formato de fábrica.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, no Reino Unido, em parceria com o escritório de arquitetura Nightingale Associates, analisou alunos do ensino fundamental de sete escolas durante um ano, e chegou a conclusão que: ambientes bem projetados são capazes de melhorar o desempenho escolar em até 25%.
Segundo o escritório de arquitetura Baukind , a arquitetura adequada para crianças é criada quando nós, adultos, conseguimos enxergar a perspectiva das crianças. Se compreendermos os ambientes ao nível dos olhos delas dando valor as suas necessidades, podemos criar um ambiente para eles que seja estimulante, protetor e flexível ao mesmo tempo. Este é o grande desafio.
Como os espaços podem ser projetados para estimular o desenvolvimento das crianças? De que tipo de ambiente uma criança precisa fora de sua própria família para se sentir segura, protegida e confortável?
Considera-se fundamental, durante o primeiro setênio, que a criança esteja em casa, com o contato direto com sua família e atividades domésticas. Por isso, as salas de aula dedicadas a essa faixa etária buscam oferecer uma atmosfera de Lar, aconchegante, segura e estimulante. É muito comum o uso de “cantos” que são espaços menores dentro de ambientes maiores. Por exemplo: em uma sala de aula grande há o canto da casinha ou a área para o preparo e consumo de refeições, áreas para descanso e para o brincar, etc. A ideia é que a criança possa se sentir segura para ocupar esses espaços de dimensões menores, apropriando-se melhor deles. A sala de aula, com atmosfera de Lar, passa a ser uma metáfora da casa e, por sua vez, a escola torna-se uma representação da comunidade externa.
Música é uma arte muito presente no ambiente Waldorfiano. Ela aparece na arquitetura através da repetição (sempre rítmica através de dimensões ou formas) de elementos arquitetônicos como esquadrias ou estruturas espaciais para iluminação em colméia, como pode se visto no exemplo abaixo com a aplicação do sistema de eletrocalhas modulares Apis fabricados pela Valemam.
A conexão (direta ou indireta) com a natureza é vista como bastante benéfica à saúde psicoemocional das crianças.
Na visão da arquiteta Doris Kowaltowski, compartilhada, “a natureza precisa participar”. Os temas da natureza e da paisagem também podem ser encontrados no desenho das paredes e na composição dos azulejos. Existem árvores de escalada integradas ao espaço, com as quais as crianças podem brincar e experimentar.
Cada vez mais as atividades realizadas dentro do conteúdo programático de cada escola tendem a ser dinâmicas, sendo assim, é imprescindível que a composição dos interiores sejam bem flexíveis, para que favoreça as características de um “ambiente vivo”.
O objetivo desta matéria é fazermos uma provocação sobre como será o ambiente educacional pós pandemia. Quais soluções novas serão criadas e quais nunca mais existirão ? Como as boas referências já aplicadas no Brasil e no mundo podem contribuir para este novo desafio na educação ? E como nossas soluções em infraestrutura podem se alinhar com estas novas necessidades ?
- Referências
- https://www.baukind.de/de/projects/kita-schlaue-fuechse/
- https://revistaeducacao.com.br/2018/12/30/pedagogia-waldorf-infancia. Acesso 10 março 2020.
- https://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf/369. Acesso 10 março 2020.