Como minimizar os riscos de incêndios na edificação
A importância da qualidade dos produtos elétricos
Tão essencial quanto atender às necessidades funcionais do cliente é a preocupação com a sua segurança. Por isso, na hora de realizar um projeto, é importante estar atento às normas regulamentadoras e à certificação dos produtos utilizados. Isso é especialmente verdade quando tratamos da questão do risco de incêndios: os materiais empregados devem conter mecanismos de isolamento ou de retardamento para evitar a propagação das chamas.
Neste cenário, as instalações elétricas têm um papel importantíssimo, sendo focos de risco quando não dimensionadas e instaladas da forma correta. Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), no período de 2013 a 2016 houve um aumento de 124% nos casos de incêndios provocados por problemas nessas instalações, evidenciando a necessidade de maior atenção por parte dos profissionais envolvidos na obra.
Muito além da questão financeira, a segurança das instalações elétricas nos edifícios coloca vidas em jogo. Foi o caso do Edifício Joelma, cujo incêndio causado por problemas elétricos resultou na morte de 189 pessoas no ano de 1974.
Aliás, não precisamos ir muito longe no passado para encontrarmos outros casos trágicos de incêndios provocados por problemas nas instalações elétricas. Um dos mais recentes deles, o da Catedral de Notre Dame, destruiu um patrimônio incalculável, com investigações apontando um curto-circuito como possível origem para o desastre.
Caso similar aconteceu com o nosso próprio Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro. A instalação elétrica inadequada dos equipamentos de ar condicionado do auditório do museu gerou chamas que consumiram mais de 20 milhões de peças a respeito da história humana. Os laudos da Polícia Federal também indicaram a ausência de aterramento elétrico, fator que comprometeu completamente a atuação dos sistemas de proteção.
Se considerarmos que a demanda por energia tem se elevado (hoje há diversos eletrônicos e eletrodomésticos, conectados constantemente às tomadas), percebemos o risco elevado tanto em edificações mais antigas quanto nas mais recentes, quando não são obedecidas as normativas e os padrões mínimos de qualidade.
Por isso, hoje comentaremos um pouco a respeito das principais normas de segurança sobre as redes e equipamentos elétricos, para que você saiba quais os requisitos mínimos de qualidade e fuja das peças perigosas, por mais atraentes que os valores iniciais possam parecer.
NBR 5.410 – O ponto de partida para qualquer projeto
Para garantir a segurança na obra e minimizar os riscos de incêndio nas edificações, o ponto de partida é conhecer um pouco a respeito dos materiais utilizados e das normas nacionais sobre a segurança dos equipamentos. A principal norma brasileira acerca do tema é a NBR 5.410, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que fala em detalhes sobre as instalações elétricas de baixa tensão (aqueles que operam em até 1.000 volts de tensão alternada ou até 1.500 volts de tensão contínua).
Os primeiros capítulos trazem as principais definições sobre o tema, além dos princípios fundamentais, guias de proteção contra choques, efeitos térmicos, sobrecorrentes e sobretensões, por exemplo. Outro ponto importante é a qualificação profissional, para que você tenha uma base ao escolher a mão de obra mais adequada.
Embora muitos dos capítulos sejam específicos aos engenheiros e profissionais especializados em elétrica, o conhecimento da NBR 5.410 é imprescindível para os envolvidos no projeto da edificação, tratando inclusive das diferenças entre áreas cobertas e externas, canteiros de obras e outros.
Você pode consultar a NBR 5.410 aqui.
Outras normas essenciais que você precisa conhecer
Depois de ter se familiarizado com a NBR 5.410 você pode partir para leituras complementares, que detalham regras específicas de setores ou equipamentos elétricos. Outras normas cujas leituras são importantes incluem:
- NBR 60.898: Trata dos equipamentos disjuntores para proteção de sobrecorrentes para instalações domésticas e similares, mostrando os requisitos necessários para assegurar o bom funcionamento dos equipamentos. Esses equipamentos são de máxima importância, cabendo ao profissional realizar o dimensionamento adequado. Foi inclusive por conta de um erro com disjuntores que os mecanismos de proteção contra incêndio no Museu Nacional não foram devidamente disparados, somente agindo 1 hora após o início das chamas.
- NBR 14039: Esta é a versão da norma para edificações que precisem trabalhar com a instalação de equipamentos de média tensão, que são aqueles que operam entre 1 KV e 36,2 KV.
- NBR 600439: Essa norma trata dos requisitos para os quadros de distribuição e os parâmetros adequados para seu uso em ambientes onde pessoas não qualificadas tenham acesso a ele.
- NBR 5413: Voltada à iluminância dos interiores, essa norma envolve o cálculo luminotécnico do ambiente, abrangendo locais como mercados, indústrias, academias, escolas, espaços empresariais ou de serviços. Esse dimensionamento influencia diretamente no dimensionamento das instalações elétricas.
- NR-10: Direcionada aos trabalhadores que lidam com equipamentos elétricos, essa norma deve ser conhecida pelo empregador e pela equipe envolvida para evitar acidentes durante as instalações. Ela traz procedimentos detalhados e parâmetros para a integridade de estruturas.
Na hora de adquirir os componentes, verifique sempre se eles foram devidamente registrados junto ao INMETRO e testados pela instituição. Essa certificação garante uma operação estável, dentro dos padrões especificados pelo fabricante, trazendo mais segurança para o empreendimento.
No caso dos disjuntores, por exemplo, isso garante que a curva de disparo seja respeitada, culminando na proteção de todos os outros elementos da instalação elétrica.
Os principais problemas causadores de incêndio
Como vimos acima, muitos dos incêndios oriundos das instalações elétricas são originados por equipamentos subdimensionados, desgastados ou sem a devida manutenção. Os seguintes cenários são potenciais causadores de acidentes:
- Instalações com equipamentos que não obedecem às certificações de qualidade
- Uso de soluções improvisadas ou inadequadas
- Ausência de um projeto elétrico real, com dimensionamento adequado das instalações
- Falta de manutenção dos equipamentos instalados
- Reutilização de condutores e terminais antigos que já ultrapassaram seus ciclos de vida
- Ligações excessivas e pontos sobrecarregados
- Dimensionamento inadequado da fiação, disjuntores e outros elementos
- Edificações que não seguem normas básicas de segurança da rede elétrica.
Na fase de elaboração do projeto e durante a execução da obra é muito comum ver o cliente se preocupar exclusivamente com os preços das peças. O problema disso é que em alguns casos os valores excessivamente baixos pode apontar para componentes que não passaram pelo processo de certificação, não estando aptos a operarem com segurança.
Por essa razão, é essencial destacar a necessidade de pesquisar diversos distribuidores e realizar a compra de peças que tenham procedência, esclarecendo ao cliente os riscos envolvidos caso isso não seja levado a sério. Como dissemos, é um custo que pode comprometer vidas.
A importância da qualidade dos produtos que compõem a rede elétrica
Além das especificações mínimas de segurança, é importante contemplar no projeto produtos que facilitem as diversas etapas de sua execução, desde a instalação até a manutenção.
O mercado nacional ainda é bastante dependente dos eletrodutos internos de PVC para a condução da fiação. Apesar de seguros, quando implementados da forma correta, eles representam um problema futuro, dificultando a inspeção dos cabos e das conexões. Eles também não permitem expansões ou mudanças de layout, exigindo reformas e a quebra das paredes para qualquer tipo de modificação. Como resultado, o custo envolvido acaba sendo muito maior.
Opte por soluções inovadoras
Uma alternativa muito eficiente é o uso das instalações elétricas aparentes. Elas dão um toque de modernidade aos ambientes, sejam eles comerciais, empresariais ou industriais. Uma das maiores vantagens é a praticidade de instalação, que dispensa recortes nas paredes, bastando parafusos e alguns encaixes.


Produtos como as canaletas da linha FROG, da Valemam, têm ainda o diferencial de serem confeccionados em alumínio, tendo uma tampa articulada de encaixe rápido. Essa combinação permite o acesso instantâneo a toda a fiação, o que reduz consideravelmente o custo de manutenção e vistoria, ainda assim mantendo a estética e a segurança das peças.
Quer uma prova da qualidade do produto? Ele foi escolhido para um projeto realizado dentro da própria ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Ronaldo Vecchi, da Gerência Administrativa da ABNT, comentou algumas das vantagens que levaram à escolha, incluindo a praticidade de instalação e de manutenção, com mecanismos articulados que garantem fechamento total e proteção, em correspondência com a norma 5410.
Na hora da compra, é importante pesquisar por alternativas modulares, com ampla capacidade de expansão e com terminais que se adaptem à necessidade dos clientes. As tomadas, por exemplo, devem ser dimensionadas corretamente para evitar o uso de Benjamins (os famosos T’s), de modo a não haver sobrecarga dos conectores, curto-circuitos e superaquecimento.
A preocupação com curto-circuitos deve ser ainda maior quando falamos de conexões no piso, geralmente mais propensas a acidentes. O ideal é optar por produtos com conectores embutidos que fiquem abaixo da linha do solo, feitos de materiais resistentes a impactos e que não propaguem eletricidade ou chamas. Confira aqui como nós desenvolvemos as caixas de tomadas da linha ZIGUS pensando na segurança das tomadas para pisos.


O mesmo vale para os sistemas de passagem de cabos em grandes ambientes, distantes das paredes. Soluções como as eletrocalhas modulares são as mais indicadas, podendo cobrir grandes vãos sem comprometer a estrutura do forro. A linha Valemam APIS investiu nessa ideia, pegando inspiração no formato hexagonal das colmeias para criar estruturas leves e resistentes que podem ser montadas de acordo com a exigência do cliente.


Melhor ainda é a possibilidade de expandir e movimentar cada parte da estrutura, sem riscos e custos desnecessários. As colunas articuladas da linha EMA fazem a conexão segura entre as fiações do teto e os terminais.


Ainda tratando da proteção contra acidentes causados por problemas elétricos, temos na linha TUCA um exemplo de como os equipamentos podem investir em mecanismos de segurança. Esses carregadores coletivos foram inspirados no bico dos Tucanos e podem carregar celulares, tablets, câmeras e muitos outros eletrônicos, tendo a proteção de disjuntores embutidos para prevenir incêndios.
Todos esses produtos facilitam a inspeção das instalações elétricas, além da posterior expansão e do ajuste preciso para cada projeto de iluminação. Você pode ler um pouco mais sobre as instalações elétricas aparentes aqui no blog da Valemam.
Manutenção e vistorias: medidas essenciais para minimizar os riscos
Depois de realizada a instalação da rede, o último passo (e talvez um dos mais importantes) é a realização adequada da manutenção da rede elétrica, dos componentes e da fiação. A própria NBR 5.410 indica a periodicidade adequada e os procedimentos a serem executados.
Há diversas empresas especializadas em realizar as vistorias, um serviço que é realizado rapidamente (ainda mais quando utilizadas soluções modernas, que facilitam o acesso aos componentes) e que pode evitar potenciais focos de acidentes e incêndios. Algumas das rotinas de uma boa vistoria incluem:
- Identificação de pontos de risco (segurança, choques e incêndios)
- Inspeção das instalações elétricas
- Verificação de adequação técnica
- Acompanhamento durante a realização de reformas e construções (quando solicitada)
- Averiguação da capacidade e dimensionamento das instalações.
Especialistas indicam a realização do serviço pelo menos de 6 em 6 meses. É importante frisar que as vistorias e manutenções não são exclusivas para edificações antigas, pelo contrário: devem ser utilizadas também em novos projetos para garantir que não há riscos ou ligações realizadas da forma incorreta.
Estes passos evitam choques, curtos e superaquecimento, minimizando os riscos de incêndio decorrentes das instalações elétricas.
O barato pode custar muito caro
Além da própria segurança das instalações, a utilização de materiais de baixa qualidade pode comprometer também a estimativa de quantidade de itens a serem comprados, uma vez que essas peças podem se quebrar rapidamente, até mesmo durante a fase de armazenagem e instalação. É o famoso “barato que custa caro”.
Como um lembrete dos riscos de incêndio envolvidos ao realizar uma instalação elétrica inadequada, deixamos abaixo o vídeo da catástrofe ocorrida no Edifício Joelma. Ao pesquisar pelos produtos, opte sempre por modelos certificados e testados, que atendam às regulamentações nacionais.
Fonte(s): Sonata Engenharia, AEC web (1), AEC Web (2), Ibape/SP, Perícia Elétrica, OMS Engenharia e Abracopel.